18 de setembro de 2013

Auditoria da CGU comprova repasse a membros do PDT


CGU tem sido correta em suas denúncias
Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revela que uma entidade contratada pelo Ministério do Trabalho e Emprego repassou dinheiro a militantes do PDT catarinense sem comprovar se, de fato, os serviços foram prestados.

A lista inclui o ex-presidente da Juventude do partido em Santa Catarina, John Sievers Dias, que, em entrevista ao Estado, disse que o ministro Manoel Dias (PDT-SC) montou esquema para que funcionários da legenda recebessem da Agência de Desenvolvimento do Vale do Rio Tijucas e Rio Itajaí Mirim (ADRVale), detentora de convênios com a pasta.

Além dele, figura como beneficiário dos recursos Roger Minotto, irmão do chefe de gabinete de Dias, Rodrigo Minotto.

A Controladoria-Geral da União fiscalizou convênio firmado pelo Trabalho com a agência em 2007, por meio do qual recebeu R$ 6,9 milhões para qualificação de trabalhadores. Conforme relatório obtido pelo Estado, a entidade não comprovou a contratação de 55 profissionais para atividades ligadas aos cursos oferecidos. Para os auditores do órgão, isso "impossibilita evidenciar que os valores pagos a esses profissionais contratados estejam amparados em documentação idônea ou que os mesmos tenham efetivamente prestado seus serviços".

Da relação, constam pessoas enquadradas como vigilantes, auxiliares de serviços gerais, instrutores e coordenadores. Sievers aparece em documentos fornecidos pela ADRVale como "assistente de programação". Segundo ele, na verdade, trabalhava para a Universidade Leonel Brizola, responsável pela formação da militância do PDT.

Além de Sievers, é citado, como "auxiliar administrativo", Fábio da Silva Pereira. Ele é filiado ao partido e, segundo Sievers, também foi indicado por Manoel Dias para receber "salário" da entidade.

A lista de profissionais tem várias outras coincidências com o quadro de militantes do PDT. Ao menos 17 são filiados em Santa Catarina ou eram em 2008, quando, diz Sievers, houve a ordem para que pedetistas recebessem como "funcionários fantasmas" da entidade.

Roger Minotto tem carteira do PDT desde 1999 e consta como "encarregado" de um núcleo. André Tomé Igreja, filiado desde 2007, ocupa hoje o cargo de coordenador-geral de Parcerias Empresariais no Ministério do Trabalho. A lista também tem coordenadores do partido em Santa Catarina e até ex-candidatos, como Caubi dos Santos Pinheiro, que concorreu a uma vaga de vereador em Guaramirim (SC) no ano passado. Ele é citado como "vigilante".
Manoel Dias é Ministro do Trabalho e Emprego

Ao Estado, Sievers disse ter sido chamado por Manoel Dias, ou "Maneca", a uma conversa em 2008, na qual acertou com representantes da ADRVale o pagamento mensal de cerca de R$ 1,3 mil pelos serviços que ele prestava à universidade. Na época, Dias presidia o PDT-SC, era secretário-geral da sigla e comandava a instituição de formação da militância. Minotto também teria participado do encontro.

Segundo o relato de Sievers, coube a ele telefonar para uma funcionária da entidade, que anotou seus dados para os pagamentos, que teriam ocorrido entre fevereiro e agosto daquele ano. "O Maneca até olhou pra nós e disse: ‘Resolvido?’. Ele falou em torno de R$ 1.300 por mês. Nós entramos em contato lá. Foi com uma menina, que acredito que era uma secretária. Ela pediu nome, RG, conta bancária. A partir daquele momento, no começo de mês, a gente ligava todo mês e cobrava", contou.

Dias e Minotto informaram ao Estado que "não havia fontes de recursos" para Sievers, porque o trabalho dele era "de militante". Em nota, eles disseram que a ADRVale não tinha nenhuma relação com o PDT.

A agência, no entanto, era dirigida por dois filiados ao partido no Estado, Osmar Boos e Militino Angioletti, que se desvincularam da sigla em julho. O Ministério do Trabalho firmou ao todo seis convênios com a entidade, que recebeu R$ 11,3 milhões em recursos. As parcerias são do período em que Carlos Lupi (PDT-RJ) comandava a pasta.

Fonte: Estadão

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