7 de maio de 2012

Professor maranhense relata 'peregrinação' por hospitais públicos do Brasil


Aos amigos leitores do AGORA Santa Inês, minhas saudações de retorno. Depois de um longo tempo ausente das páginas deste jornal, volto agora à Santa Inês (desculpem o trocadilho). Mas vamos por partes. Primeiro a saúde.

Professor Renato Arthur Nascimento

Por um bom tempo sofri de problemas relacionados à coluna. Pelo menos era assim que pensavam os médicos. Vários exames foram feitos em São Luís. Sessões de fisioterapia, de RPG, mas nada adiantava, os problemas continuavam. Com a saúde abalada e a mobilidade comprometida, os últimos exames foram determinantes para o diagnóstico de hérnia de disco, que nas palavras do neuro-cirurgião que me acompanhava, “era operável”, mas recomendava que não fizesse a operação no hospital Carlos Macieira, por não se encontrar em condições; (por isto a Sagrada Família quando precisa sai do Estado), vem daí o meu sumiço, já que o hospital não era seguro fiz contato com meu irmão no Rio de Janeiro. Ele se articulou com antigos camaradas e amigos no Cremerj (o Conselho Regional de Medicina).

Viajei no dia 16 de março e no dia 18 estava internado no Hospital Federal de Bonsucesso para exames e a provável operação na coluna. Durante 3 longas semanas, novos exames realizados levaram a equipe médica a decretar: não era hérnia de disco! Outras hipóteses começaram a ser testadas. Recebi alta no dia 7 de abril, data marcada na memória pela tragédia do massacre de estudantes em uma escola de Realengo, bairro onde fui criado. Neste dia uma amostra de sangue foi enviada para a Fiocruz, para verificar se eu havia sido contagiado por um virus, chamado HTLV, mas o resultado foi negativo, não era ainda a resposta para o meu problema.

Minha peregrinação continuou, passando por mais 3 hospitais, mais 3 equipes médicas e em todas, a hérnia de disco era descartada. Ou seja, escapei de um erro médico que poderia ser fatal. A este período dei o nome de “Tour hospitalar”, passei nove meses frequentando hospitais e laboratórios, nunca antes visitados, quando morava no Rio. Mas, até que no Hospital Federal do Andaraí, uma médica, Dra. Cristiana, apresentou o diagnóstico: Siderose Superficial do Sistema Nervoso Central. Nome complicado de uma doença rara, degenerativa e crônica. Tão rara e desconhecida, que aconteceu de mandar um email para os meus contatos, nomeando minha doença, e o amigo Silveira publicou esta mensagem no Agora. Quando fui pesquisar mais informações sobre a S.S, encontrei meu email no Google, junto com poucos textos médicos, a maioria em inglês.

Por fim, estou aguardando uma consulta no Rede Sarah, em São Luís e no Rio, pois não há, até o momento, nenhum tipo de tratamento definido para esta “coisa”, enquanto isto, estou me relacionando com pacientes do mundo inteiro, através de um site da Nova Zelândia. O seu criador é um dos “sobreviventes” da Siderose Superficial, como ele nos chama. E eu sou o primeiro e único brasileiro a fazer contato com eles, até agora. Quem precisar de mais informações sobre a doença acessem o blog que criei para divulgar a SS: http://sites.google.com/site/siderosesuperficial/
Em breve voltamos a nos falar aqui no AGORA Santa Inês. Abraços a todos!

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