25 de abril de 2012

A verdade. (Ou: A morte do Jornalista Décio Sá é para além da frase 'querem nos calar', ou ainda 'querem calar a verdade', ou mesmo 'calar a imprensa.'

Antes mesmo de completar as primeiras 48 horas do assassinato do jornalista Décio Sá, já se manifestam na Blogosfera análises e opiniões já fora da linha impestada pela comoção provocada pela perda de um colega de profissão.

Tenho dito que muito do que não foi dito no dia do crime e nas primeiras horas que sucederam-se, uma avalanche de 'verdades' sobre o dia a dia do Jornalismo (ou subjornalismo) que temos aqui no nosso estado, começaria mais cedo ou mais tarde.


E diga-se de passagem que isso não é uma manifestação do nosso estado. É nacional e até mesmo mundial.

A morte do Jornalista Décio Sá é para além da frase 'querem nos calar', ou ainda 'querem calar a verdade', ou mesmo querem calar a imprensa.

A coisa é mais além. Com certeza muito difícil de serv dita nesse momento, mas que precisa ser dito

Afinal, uma pergunta que tem martelado na cabeça de muitos é: de qual verdade que querem 'calar' está se falando?

Quem dá o pontapé inicial é o jornalista Roberto Kenard, do Blog do Kenard.

Penso que após este, outros, já devidamente construídos, virão a tona, expressando a verdadeira opinião das circunstâncias, não do crime em si, mas daquilo que poderia ter desencadeado o ódio mortal contra o jornalista em questão.

Convido você a uma leitura crítica do 'post' do colega 'de pena', Kenard.

Leia mesmo.

Sem medo.

... e com a cabeça aberta.



O subjornalismo de chantagem deveria estar de orelha em pé

Os leitores sabem de minha opinião sobre a proliferação de blogues no Maranhão, praticamente todos destinados à política (quem, por acaso, não sabe, pode ir aos arquivos do blog). Como digo, o pior jornalismo impresso saltou para a internet. Denúncias viraram oportunidades de negócios (escusos, claro). Blogues viraram caixas eletrônicos.

Fui mais longe: disse que esse tipo de comportamento reprovável sob todos os aspectos ainda faria vítimas, se transformaria em tragédia. Pelo comportamento de determinados blogueiros, lamentavelmente, o que escrevi tende a se confirmar.

Blogueiros maranhenses não estão atrás de mais leitores para fazer jornalismo. Querem estar no topo para ter o que negociar. Quem sabe minimamente das coisas percebe a triagem, digamos assim, dos blogues maranhenses. Há os que são divulgados (protegidos) e há os que são apenas criticados. No meio da triagem, o esquema, o toma-lá-dá-cá. Impossível imaginar que esse tipo de chantagem (e é disso que estamos falando) acabe bem.

Esse estar no topo a qualquer preço (forma de ter o que negociar, repito) pode ser visto agora de maneira clara com o assassinato do jornalista Décio Sá. O oportunismo e o sensacionalismo descarados não têm outro fim: ocupar as paradas de sucesso, de preferência tentando conquistar os leitores do morto. Além de asqueroso, isso é de uma imbecilidade incomensurável. Não é assim que se conquistam leitores, e os que assim são conquistados não merecem outra coisa a não ser blogueiros vagabundos.

De repente, Décio Sá virou um santo. Sumiu o homem de carne e osso, com qualidades, mas também com incontáveis defeitos. Escrevi ontem aqui a respeito de nossa amizade (minha com Décio). Volto a repetir: tratava-se do melhor repórter do Maranhão. Mas discordava dele quando emprestava sua voz a poderosos. Queria dizer com isso que gostava dele, mas discordava em grande parte nas questões políticas e profissionais.

Nada justifica o crime hediondo que vitimou Décio Sá. No entanto, não se pode negar que ele várias vezes extrapolou. Sobretudo quando adentrava em questões pessoais. Reitero: nem isso justifica o assassinato covarde.

No texto que escrevi sobre a possibilidade de tragédia, apontei blogueiros que escreviam a respeito de “deputados cornos”, “prefeitas taradas”, “políticos separados por conta de adultério” etc etc. Não via nisso, e não vejo, nada que interessasse ao leitor, ou pelo menos ao leitor digno. Nada leva a crer que isso vá parar (pode até ter uma trégua, por conta do medo gerado pela morte de Décio Sá).

O que não é dito (e deveria, pois é a grande oportunidade) é o seguinte: a morte de Décio Sá deveria servir de reflexão para aqueles que veem no jornalismo um balcão de negócios, uma quitanda jornalística, uma oportunidade de negociar. Reparem, cito a morte de Décio como oportunidade de reflexão. Não estou a dizer que ele fazia isso ou que tenha sido assassinado por causa disso.

Mas é bom que a reflexão seja feita. Antes que seja tarde.

Fonte: Blog do Kenard

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