31 de maio de 2009

CPI da Petrobrás: o jogo de tudo ou nada do PSDB

Diante de altos índices de aprovação do Governo Lula nas recentes pesquisas de opinião pública, chegando em alguns casos - como em Pernambuco - a mais de 90%, e também com o crescimento consistente da candidata apoiada pelo presidente para sua sucessão, a Ministra Dilma Rousseff, os caciques do PSDB reunidos em Brasília duas semanas atrás decidiram partir para o tudo ou nada. Numa manobra de bastidores que rompeu as regras consensuais de atuação parlamentar, aprovaram a instalação de uma CPI para atacar a principal empresa brasileira e uma das maiores do mundo: a Petrobras.

O objetivo dos tucanos é atingir o governo e sua candidata. A Petrobras, em outra pesquisa realizada em 32 países, de janeiro a março de 2009 pelo Reputation Institute (uma empresa privada de assessoria e pesquisa com sede em Nova Iorque) foi considerada a quarta empresa mais respeitada do mundo, superando a Google, a Microsoft, a FEDEX, a 3M, a Honda, Philips, a General Electric e a Walt Disney Co.

Os investimentos da Petrobras em 2008 foram da ordem de R$ 53,3 bilhões, feitos em uma empresa que tem 209 mil acionistas, 109 sondas de perfuração, reservas de 11,19 bilhões de barris de óleo e gás equivalente, 13.174 poços produtores, 112 plataformas de produção, sendo 78 fixas e 34 flutuantes, com uma produção diária de um quase dois milhões de barris de petróleo e 422 mil barris de gás natural, 16 refinarias, 25 mil km de dutos, uma frota de 189 navios, sendo que destes 54 de propriedade da Petrobras, seis mil postos de gasolina e três fábricas de fertilizantes.

Em todo o mundo, especialmente na atual crise econômica, todas as nações procuram proteger suas maiores empresas, enxergando nelas instrumentos para vencer a crise. Aqui no Brasil, ao contrário, a oposição neoliberal liderada pelo PSDB não mede as conseqüências nem esforços e, numa atitude antinacional, coloca a Petrobras como principal alvo político de sua estratégia eleitoral. O PSDB tenta também instrumentalizar outra CPI, a da Agência Nacional de Petróleo (ANP), com o mesmo objetivo de atingir a Petrobras.

A base do Governo reagiu e assumiu os principais postos na CPI da Petrobras, enquanto a oposição procura fazer o mesmo movimento na CPI da ANP e vem sendo travada uma luta dura em torno da direção da CPI das ONGs, que pode ser desdobrada para igualmente atingir a Petrobras.

A reação do movimento social, por sua vez, ganhou a rua e desde o dia 25 de maio se desdobra num conjunto de ações para denunciar a ação privatista e antinacional do PSDB e da oposição, difundindo a palavra de ordem ''O petróleo tem que ser nosso''. Já foram realizadas várias manifestações no Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e outras capitais, Nelas, entidades como a Coordenação dos Movimentos Sociais, as centrais sindicais CTB, CUT e CGTB, a UNE, UBES, Conam (Coordenação Nacional das Associações de Moradores), UBM (União Brasileira de Mulheres), Unegro (União dos Negros pela Igualdade), MST, Via Campesina, denunciam a ação da direita e começaram a coletar as 1,3 milhões de assinaturas necessárias para a apresentação, ao Congresso Nacional, do projeto de lei de iniciativa popular para fortalecer o monopólio estatal do petróleo, garantir as riquezas do pré-sal para o povo brasileiro e pelo fim das concessões das reservas brasileiras.

As manifestações já realizadas, e as programadas para as próximas semanas, indicam o caminho para, juntamente com a ação parlamentar, barrar esta tentativa conservadora e reacionária de prejudicar a Petrobrás, o governo Lula e uma candidata que possa dar continuidade ao novo ciclo político que o país passou a viver desde a eleição de Lula, em 2002. É o que está em jogo nestas jornadas.

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